Em 29 de maio desse ano (1999), o nosso arcebispo, Cardeal Carlo Maria Martini, encerrou o processo diocesano de canonização do servo de Deus, P. Arsênio Migliavacca de Trigolo (Cremona-Italia). Um ato tão solene interessa a toda comunidade local, porque através dela se fez o processo canônico, e porque três sacerdotes diocesanos, muito experientes, estiveram ocupados com tal processo por mais de um ano. Acima de tudo toda canonização, antes de interessar a Igreja universal, empenha a igreja local que é a grande promotora e garante junto ao Santo Padre, oportunidade, fundamento e utilidade de uma beatificação e de uma canonização. Por isso pensamos que é importante dar informações sobre esse novo servo de Deus.

1. Sacerdote na diocese de Cremona.

Giuseppe Antonio Migliavacca nasceu em Trigolo, região e diocese de Cremona, em 13 de junho de 1849. Quando se tornou frei capuchinho, mudou o seu nome de batismo e adotou o novo nome de P. Arsênio de Trigolo. Para a nossa comodidade vamos chamá-lo com esse nome desde o seu nascimento.

Desenho da casa natal
Seus pais, Glicério e Annunciata Strumia, viviam com o pouco que conseguiam ganhar na "osteria"(restaurante caseiro) que administravam. Eles eram cristãos fervorosos e transmitiram aos filhos o dom da fé e da coerência de vita.

P. Arsênio era um jovem alegre e gostava de rezar no Santuário de Nossa Senhora das Graças. Ele se dedicava ao serviço litúrgico, reunia os jovens de sua idade para a leitura de páginas da Bíblia ou biografias de alguns santos. Durante os exercícios espirituais de 1886, para se auto-estimular, recordava: "Como foram melhores os primeiros anos, nos quais começaste a servir ao Senhor; quão fervoroso, como desejavas servir a Deus e ser todo Seu […] quando fazias tudo para agradar a Deus, […], quando rezavas com todas as tuas forças…" (Arquivo Provincial dos Capuchinhos Lombardos, P 391/18, p. 35).
P. Arsênio, joven sacerdote de Cremona
Aos treze anos entrou para o seminário diocesano de Cremona onde cuidou da vida espiritual e dos estudos. Nos últimos anos de teologia foi aluno do Mons. Geremia Bonomelli que em 21 de março de 1874, fez a sua ordenação. As anotações de P. Arsênio revelam a maneira como ele vivia sua vocação: "Quem pode imitar Jesus Cristo, senão um sacerdote que é ministro de Deus? Aos fiéis se diz de ver no sacerdote a mesma pessoa de Jesus Cristo, visto que batiza em Seu nome, perdôa os pecados em Seu nome, e em Seu nome oferece ao Pai todos os dias o Santo Sacrifício da Missa, todas essas coisas são verdadeiras: mas como podemos convencer o povo com essas coisas? Como conseguiremos por em prática e fazer com que os fiéis as respeite; como podemos esperar que os fiéis aceitem tal sublime dignidade, se o vê como um ser indiferente aos ensinamentos de Jesus Cristo?" (P 391/6, f.6v.).
P. Arsênio de Trigolo, capuchinho numa pintura
Na celebração da missa, se identificava profundamente, como podemos notar nessa anotação de 1907: "Quantas vezes por dia sacrificamos Jesus Cristo sobre o altar, e quantas poucas vezes nos sacrificamos com Ele! Quantas vezes dizemos seja feita a Vossa vontade, mas depois fazemos a nossa! Quantas vezes procuramos impor o nosso juízo e parecer ao juízo e parecer dos outros! As nossas preferências! Quando nos unimos a Ele nos sofrimentos, dores, penitências, etc?! Quanto tempo temos para meditar e arrepender durante a Santa Missa!" (P 391/26/33 p. 90)
 

Com esse espírito, realizou os seus primeiros serviços pastorais em Paderno Ponchielli (de 18 de abril a 15 de dezembro de 1874) e em Cassano d'Adda (de 4 de janeiro 1875). O Bispo, Mons. Bonomelli, durante a visita pastoral, escreveu que P. Arsênio era um "jovem ótimo" e pensava nomeá-lo pároco, mas ele pediu para entrar a fazer parte da Companhia de Jesus, onde foi acolhido no dia 25 de novembro de 1875.